SESSÃO PÚBLICA EXTRAORDINÁRIA – 19-12-2017
2 – orçamento E grandes opções do plano da câmara municipal das caldas da rainha para o ano de 2018;
DECLARAÇÃO DE VOTO
Presente proposta da Câmara Municipal de Caldas da Rainha (CMCR), apresentada na sessão extraordinária da Assembleia Municipal (AM) de 19 de dezembro de 2017.
ANÁLISE DO ORÇAMENTO E GOP´s – 2018
Este orçamento diz respeito ao primeiro ano do mandato do atual Executivo Municipal (EM) e, por isso, era expectável que se verificasse uma diferença do conteúdo que estamos agora a analisar e a deliberar, em relação aos anteriores.
Mas, continuamos a não identificar uma ideia política global que aponte um caminho de desenvolvimento económico e social, de modo que se verificasse uma efetiva mudança no desenvolvimento do concelho.
Os documentos continuam a demonstrar uma certa repetição das ações já inscritas em Orçamentos anteriores, que não foram executadas, nomeadamente as seguintes que agora se apresenta no de 2018:
a) Programa “Aluno ao Centro”;
b) Sala Snoezelen;
c) Projeto “Conhecimento em Movimento”;
d) Conclusão da revisão da Carta Educativa Municipal;
e) Reabilitação da Quinta da Saúde / Casa Amarela;
f) Construção de uma vedação no perímetro do Centro de Artes;
g) Reformulação do Atelier-Museu João Fragoso;
h) Alargamento do Museu da Cerâmica;
i) Roteiro de Escultura Pública;
j) Criação de uma rede local de museus;
k) Carta Cultural Concelhia;
l) Requalificação do edifício da Biblioteca Municipal;
m) Instalação do Arquivo Municipal;
n) Requalificação do Pavilhão Rainha Dona Leonor;
o) Pista de BTT no Campo;
p) Colocação de relvado sintético no campo de futebol da ACR do Campo;
q) Requalificação da pista de atletismo do Complexo Desportivo Municipal;
r) Carta Desportiva Municipal / Carta das Instalações Desportivas Artificiais;
s) Aquisição de terreno para novo campo de futebol em A-dos-Francos;
t) Aldeia Columbófila;
u) Programa “Idade Mais”;
v) Unidade de Saúde Familiar (USF) de Santo Onofre;
w) Elaboração de informação aos proprietários de imóveis integrados nas ARU’S sobre benefícios e programas de financiamento para execução de obras de reabilitação;
x) Execução do Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS) – incluindo a melhoria dos interfaces do TOMA bem como a articulação deste com o OBI (de Óbidos);
y) Execução do Plano de Ação para a Regeneração Urbana (PARU);
z) Execução do Plano de Ação Integrado para as Comunidades Desfavorecidas (PAICD);
aa) Retomar a revisão do PDM;
bb) Desenvolvimento da nova carta de REN;
cc) Conclusão do Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana do Centro Histórico;
dd) Realização do Plano de Mobilidade Urbana e Regulamento de Trânsito;
ee) Instalação de sinalética urbana de informação sobre a localização das diversas instituições da cidade;
ff) Instalação de parquímetros na cidade;
gg) Repavimentação, marcação rodoviária e sinalização do parque de estacionamento junto à PSP;
hh) Informação “on time” aos munícipes numa perspetiva de “smart city” onde se integrem todos os recursos de mobilidade do concelho;
ii) Criação de ciclovias estruturantes à volta da cidade e de ligação a pontos de interesse turístico, nomeadamente de ligação à Lagoa de Óbidos, à praia da Foz do Arelho e a Óbidos;
jj) Suportes gráficos aos roteiros e mapas turísticos em várias línguas;
kk) Promoção do mercado do peixe como âncora do centro da cidade;
ll) Promoção do concelho em feiras nacionais e internacionais com recurso aos produtos regionais qualificados;
mm) Requalificação da área de acolhimento empresarial;
nn) Plano de Incentivos à Captação de Empresas;
oo) Requalificação das Linhas de Água Urbanas;
pp) Disponibilização de acesso wi-fi nos espaços públicos de maior frequência no Centro Urbano;
qq) Construção do Canil/Gatil Municipal;
rr) Construção da “Rotunda dos Queridos”;
ss) Alargamento da Avenida Timor Lorosae;
tt) Requalificação da Fonte Luminosa.
Também se continua a verificar a abertura de rubricas nas GOP´s com uma dotação de 100,00€ que não deverão ser para executar em 2018, nomeadamente, os seguintes programas:
a) Requalificação da Área de Acolhimento Empresarial – 2ª fase;
b) Plano Municipal de Incentivos à Captação de Empresas;
c) Conclusão da 1ª Circular;
d) Arranjos da entrada nascente da cidade;
e) Arranjos da entrada norte de cidade;
f) Requalificação e ampliação da Escola Básica do Reguengo da Parada;
g) Requalificação da Escola Básica do Avenal;
h) Requalificação da Escola Básica do Bairro da Ponte;
i) Requalificação da Escola Básica do Parque;
j) Projeto “Conhecimento em Movimento”;
k) Sala Snoezelen;
l) Programa “Idade Mais”;
m) Reabilitação da Biblioteca Municipal;
n) Arquivo Municipal;
o) Aquisição de objetos de arte;
p) Alargamento do Museu da Cerâmica;
q) Carta Cultural Concelhia;
r) Centro Interpretativo de Almofala;
s) Beneficiação de Pavilhões Desportivos;
t) Requalificação da Pista de Atletismo do Complexo Desportivo Municipal;
u) Aldeia columbófila;
v) Promoção e divulgação da “Marca Caldas”;
w) Todos os projetos do Orçamento Participativo de 2015 e de 2017, incluindo o OP Jovem.
Por outro lado, não constam no Orçamento nem das GOP´s para 2018, as seguintes ações que constavam em 2017, o que pode querer significar o seu respetivo abandono:
a) Loteamento de Empresas de Base Tecnológica;
b) Cartão Jovem Municipal.
Assim como também não consta do Orçamento/2018, nomeadamente as seguintes ações:
a) Arranjos da entrada poente e sul da cidade;
b) Agência para o Investimento;
O que pode significar que não são prioritárias para a atual maioria
Em termos globais, o Orçamento para 2018, face ao ano anterior, tem um acréscimo de 782.971,00€ (+3,1%), que resulta essencialmente da previsão de crescimento da Receita Corrente em 1.736.355,00 €, assente fundamentalmente no aumento dos Impostos Diretos, especialmente do IMT (+ 1.181.906,00€), e nas transferências da Administração Central, mormente do Fundo de Equilíbrio Financeiro (+ 294.683,00€), conjugada com a descida da Receita de Capital em 953.394,00€.
Evolução das Receitas e Despesas
RECEITAS/DESPESAS
As “Receitas Correntes” previstas representam 85% do total, aumentando em relação ao ano anterior (81% – 2017), e é realizada, principalmente à custa dos Impostos que valem 41,2% do total (47,5% – 2017; 49% – 2016 e 47% – 2015). Uma boa parte desta receita vem de “Impostos Diretos”, mas prevendo-se um valor inferior em 0,6% no IMI, no valor de – 36.242,00€, em relação ao ano passado. Se os coeficientes são os mesmos e a população cresceu, como existe a mesma receita fiscal sobre as pessoas, onde a principal fonte vem do IMI.
IMPOSTOS DIRETOS
Na realidade é o Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis e a Derrama que está previsto aumentar num valor significativo, que, dentro desta perspetiva, não se entende.
Atendendo que, o IMI no país tem vindo a aumentar significativamente, era importante perceber porque é que este valor nas CR não aumenta. É por causa da isenção da cláusula de salvaguarda? Está relacionado com o IMI Familiar? São verbas que ficam retidas na Autoridade Tributária? É importante esclarecer.
Por outro lado, os “Impostos Indiretos” registam uma ligeira diminuição. Há justificação na economia que suscite esta previsão?
Também se deve salientar as “Transferências Correntes” que representam 30,0%, e tem um aumento de 123.483,00€.
TRANSFERENCIAS CORRENTES
Neste caso, não entendemos, como é que a “Participação Fixa do IRS”, tem em 2018, um valor ligeiramente superior a 2017.
As “Receitas de Capital” registam uma diminuição de 953.394,00€, que importa perceber com pormenor.
As “Despesas Correntes” previstas aumentam e representam cerca de 64,6% (63% – 2017) do total, verificam o acréscimo de 947.872,00€, à custa de quase todas as rubricas, nomeadamente com:
- “Aquisição de Bens e Serviços – 671.450,00€ (9,5%)
- “Despesas com Pessoal” – 169.608,00€ (2,6%)
Provavelmente o aumento desta rubrica está relacionado com a entrada em funções de novos funcionários.
De acordo com os documentos, verifica-se que, em 2018 a principal aposta em valor absoluto da CMCR continua a ser a Habitação e Urbanização com 4.895.001,00€ (18,7%) (4.672.858,00€ – 18,6% – 2017; 3.737.875,00€ – 16,3% – 2016), em que nas GOP´s podemos verificar a subsistência das mesmas lacunas e omissões políticas de sempre:
Deste modo, fica, mais uma vez, patente a dificuldade do EM em gerar a receita necessária para elevar o patamar do seu orçamento para valores compatíveis com os investimentos que o concelho reclama.
Relativamente ao Orçamento de 2017, assinala-se, o aumento significativo da dotação no:
- Desenvolvimento Económico e Abastecimento Público (627.094,00€);
- Cultura (574.756,00€).
Contudo, regista-se um corte que nos surpreende na:
- Ação Social (41% – 432.014,00€);
- Turismo (24,5% – 121.640,00€);
- Desporto e Tempos Livres (24% – 354.695,00€);
- Rede Viária e Sinalização (11% – 237.592,00€);
- Saúde (10,5% – 125.350,00€).
Mas neste pormenor, o que nos surpreende é o facto do pouco existente estar relacionada com a gestão do Termalismo, cuja reabertura é anunciada frequentemente para o início do próximo ano, bem como de um plano de gestão do mesmo e do seu impacto económico-financeiro nas contas da Câmara Municipal.
Apesar de se verificar um reforço da dotação prevista para o Desenvolvimento Económico, o Apoio à Economia Local, contempla uma mera abertura de rubrica de 100,00€ para a imprescindível continuação da requalificação da Área e Acolhimento Empresarial, assim como para o Plano Municipal de Incentivos à Captação de Empresas, que pura e simplesmente não existe. Esta situação já verificada anteriormente, foi a causa para que os vereadores do PS apresentassem já neste mandato uma proposta concretizada de um Plano de Incentivos ao Investimento.
Também o Turismo, que tem sido uma das principais alavancas da economia do país, reconhecido internacionalmente, sofre um inesperado desinvestimento neste orçamento, mantendo-se para 2018 uma dotação para a Promoção Turística, no valor simbólico de 10.000,00€, o que é manifestamente insuficiente para promover o nosso concelho.
A Requalificação das entradas da cidade continua a não ser uma prioridade da atual maioria, sendo um péssimo cartão-de-visita para quem nos visita incluindo os potenciais investidores nas Caldas da Rainha.
A circular externa da cidade continuará por concluir, com prejuízo evidente para o ordenamento do trânsito, para a economia local e para a qualidade de vida de quem vive na cidade.
A Ação Social é alvo de um inexplicável corte orçamental que atinge o Fundo de Emergência Social, diminuindo em 45% a dotação face a 2017, prevendo-se, agora, 55.000,00 €, para 2018.
No atual contexto nacional trata-se de um desinvestimento incompreensível, quando todos sabemos que os problemas sociais continuam a existir nas Caldas da Rainha. E a execução das dotações de anos anteriores, só não foram próximas dos 100%, unicamente porque se deveu àquilo que o PS tem vindo a apontar há muito: falta de regulamentação do Fundo de Emergência Social, de informação à população sobre a existência deste, e de envolvimento de outras instituições de cariz social do concelho na sinalização e acompanhamento de cidadãos potencialmente beneficiários deste Fundo, em articulação com os serviços sociais da Câmara.
A Agricultura continua a merecer um fraco empenho da Câmara Municipal, traduzido, ao longo destes anos, na dificuldade de resolução dos problemas técnicos da Barragem de Alvorninha, do apoio a projetos de agricultura biológica e da certificação da qualidade de produtos locais.
Dentro do âmbito desta área, a Câmara poderia manifestar alguma iniciativa, designadamente na implementação de um Centro de Investigação Aplicada, em articulação com um estabelecimento de ensino superior de referência, ou no âmbito do turismo rural e agroturismo ecológico, com apoio à informação técnica sobre a atividade ou na inclusão desta na promoção turística do concelho.
Assim, as opções da atual Câmara Municipal para o desenvolvimento das Caldas da Rainha, refletidas no Orçamento de 2018, não são aquelas que os membros do PS entendem como as necessárias e suficientes para estruturar um Projeto de Desenvolvimento Estratégico do Concelho, porque não aposta:
- No termalismo, saúde e bem-estar associada ao Turismo, fundamentada com um plano de gestão, de expansão e de viabilidade económica que lhe confira sustentabilidade e transforme a sua atividade numa das alavancas da nossa economia local.
- Num apoio da Economia Local, criando incentivos ao investimento, condições de atratividade económica e de uma Agência do Investimento, procurando diversificar o nosso tecido económico para podermos ser mais resistentes às crises conjunturais que venham a aparecer futuramente.
- Numa visão transversal e integrada da Educação, da Cultura, do Desporto, do Associativismo e da Juventude e continuar a defender setores estanques;
- No investimento das políticas sociais, uma vez que cabe ao Estado, tanto ao nível da Administração Central como Local, a correção e assimetrias sociais e a proteção dos mais desfavorecidos.
- Na Agricultura, nos agricultores e o nosso Mundo Rural.
Isto é, em termos conclusivos, num projeto que confira a centralidade às Caldas da Rainha no contexto da região Oeste que já teve anteriormente e que o PS há muito vem reclamado.
Assim, atendendo que o Orçamento e as GOP´s:
- Não apresentam novas opções de políticas integradas de desenvolvimento económico e social;
- Apresentam uma listagem de ações genéricas e desarticuladas sem um fio condutor estratégico e integrador que contribua efetivamente para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos;
- Muitas das ações genéricas são as mesmas que já foram apresentadas anteriormente e que não foram executadas;
- Apresentam muitas lacunas em diversas áreas estratégicas relativamente às quais o Município das Caldas da Rainha deveria ser mais sensível, inovador e assertivo, de forma a reforçar a sua centralidade territorial e atrair novos agentes económicos;
- O atual EM, apresenta um modelo de Orçamento idêntico aos anteriores,
Os membros do PS nesta Assembleia, do mesmo modo que os Vereadores o fizeram em reunião de CMCR, vão votar contra estes documentos.
Os membros do Partido Socialista