Os vereadores do PS consideram da maior importância a valorização e divulgação do chamado “Golpe das Caldas”, ocorrido no dia 16 de março de 1974. Na verdade, a marcha da coluna militar do 16 de março de 1974 das Caldas da Rainha para Lisboa, composta por 200 militares do então designado RI5, foi o início de um processo que contribuiu para a implantação do regime democrático não só em Portugal no dia 25 de abril de 1974, como também em países do sul da Europa, possibilitou a descolonização e independência de vários países no continente africano e promoveu a democratização em vários países da América do Sul. Trata-se por isso de um acontecimento da maior relevância na história recente das Caldas da Rainha.
Por causa disso, no anterior mandato autárquico, no dia 22 de abril de 2014, o Grupo Municipal do Partido Socialista, apresentou à Câmara Municipal a proposta de criação do “Centro de Interpretação do 16 de março de 1974” , com os seguintes objetivos:
- Aprofundar o conhecimento relativamente aos acontecimentos que antecederam o evento;
- Realizar periodicamente um congresso bianual com a presença de estudiosos e historiadores dos países que sofreram a sua influência direta;
- Tornar mais visível, clara e instrutiva ao público esta data, nomeadamente aos jovens;
- Promover, do ponto de vista histórico, o nosso concelho.
A esta proposta acrescentou-se a intenção da construção de um monumento, tendo até nessa altura o actual vereador do PS Jaime Neto sugerido verbalmente ao Sr. Presidente da Câmara a sua localização frente à porta de armas da actual Escola de Sargentos (Ex-RI5), considerando o seu valor simbólico e que aqueles terrenos se encontram sem utilização há mais de 30 anos, o que seria uma oportunidade para requalificar toda aquela entrada na cidade, desde o bairro de S. Cristóvão até à ESAD. Também esta proposta foi acolhida pelo Sr. Presidente da Câmara que convidou o Sr. Escultor Santa-Bárbara para a concepção artística de um monumento ao 16 de março.
Entretanto passaram 4 anos e, na reunião camarária do dia 8 de janeiro de 2018, o mesmo vereador do PS Jaime Neto questionou o ponto de situação relativamente ao monumento alusivo ao “16 de Março”, nomeadamente quanto ao seu enquadramento paisagístico e urbanístico. Foi só nessa altura que os vereadores do PS Luís Patacho e Jaime Neto tomaram conhecimento pela Srª vereadora da Cultura que a maioria PSD do executivo camarário pretendia instalar o aludido monumento no espaço relvado municipal de uma urbanização existente junto ao Quartel Militar e que estaria a ser preparado procedimento por parte dos Serviços da Divisão de Execução de Obras tendo em vista a execução dos trabalhos de construção civil. Nunca antes tinham sido informados desta intenção, apresentada como facto consumado nessa reunião.
Em face de todo este processo, os vereadores do PS declaram o seguinte:
— Lamentamos profundamente que a proposta de criação de um “Centro de Interpretação do 16 de março de 1974” tenha sido esquecida e, aparentemente, caído por terra;
— Entendemos que é um erro urbanístico a deslocalização do monumento ao 16 de março para um espaço relvado que resultou de uma área de cedência de uma urbanização, espaço esse que está descentrado relativamente à simbólica porta de armas do quartel militar do ex-RI5 (actual Escola de Sargentos), pela qual sairam os militares revoltosos na manhã do dia 16 de março de 1974;
— Tal deslocalização diminui a dignidade que o monumento e a evocação ao 16 de março merecem, considerando a sua importância na nossa História contemporânea e o seu grande impacto internacional;
— Na verdade, o 16 de março projectou a nossa cidade e concelho das Caldas da Rainha no Mundo e, por causa disso, merece a melhor evocação, valorização e divulgação;
— Os próprios moradores da urbanização ficaram surpreendidos e colocam muitas reservas com esta implantação do monumento frente às suas casas;
— Lamentamos profundamente que a maioria PSD do executivo camarário escolha a solução mais rápida, mais fácil e mais simplista, abdicando do enquadramento da implantação do monumento como instrumento para a requalificação urbanística desta relevante e histórica entrada na cidade, desde o bairro de S. Cristóvão até à ESAD, como defendem os vereadores do PS;
— Lamentamos que a maioria PSD do executivo não tenha atempadamente chegado a um bom entendimento com os proprietários do terreno frente ao quartel militar do ex-RI5 (actual Escola de Sargentos), pelo que apelamos e exortamos a que o faça, de forma a desenvolver a melhor solução urbanística para o enquadramento do monumento e de um futuro “Centro de Interpretação do 16 de março de 1974”.
Os vereadores do Partido Socialista na Câmara Municipal das Caldas da Rainha.
Caldas da Rainha, 19 de março de 2018