Os Vereadores do Partido Socialista (PS) solicitaram nas reuniões de Câmara de 12 e 19 de março corrente que lhes fossem facultadas as contas referentes à Feiras dos Frutos de 2017 e o orçamento referente à edição do corrente ano.
Fizeram-no, cfr. o Vereador Luís Miguel Patacho teve ensejo de explicar mais detalhadamente na reunião de 19 de março, para poderem ter elementos mínimos que lhes permitissem apreciar os valores propostos para as entradas, alugueres dos stands e espaços para os expositores.
Isto porque, além do mais, só conhecendo os custos e os proveitos, pelo menos, da edição anterior, mormente a ponderação da receita da bilhética e dos expositores de 2017 com o valor total da receita e da despesa dessa edição, e, bem assim, o valor previsto de receita com esses itens no total da receita prevista para a edição deste ano permite ter uma suficiente perceção sobre a justeza, ou não, da proposta de preços que cumpriria apreciar neste ponto da ordem do dia Todavia, não lhes foi facultada essa informação, antes sim, um mero quadro com os valores totais da receita e da despesa das edições de 2016, 2017 e a previsão para 2018, com a indicação, mais adiante, dos custos previstos para 2018 repartidos em três rubricas:
- “licenciamentos, cachés, bilheteira e controlo de acessos, segurança limpeza – 200.000€”;
- “logística e equipamentos – 100.000€”;
- “produção, animação complementar espaços temáticos e comunicação – 150.000€”.
Só no início desta reunião receberam um quadro com a discriminação dos valores da receita de “bilheteira”, de “aluguer de espaços e stands” e “sponsors” relativamente às anteriores edições de 2016 e 2017, continuando omissa essa informação relativamente ao orçamento da edição deste ano.
Como assim, os Vereadores do PS não têm condições que lhes permitam pronunciar-se e exercer o seu sentido de voto criterioso e fundamentado, mormente sobre os valores para aluguer de stands e espaços para expositores na Feira dos Frutos 2018, razão pela qual se abstêm na respetiva votação.
Sem prejuízo, e sem conceder, da comparação que se pode fazer relativamente à edição do ano de 2017, e com os escassos dados que dispõem, ressaltam os seguintes indicadores que não deixam de assinalar:
- A edição de 2016 registou um prejuízo de € 184 215,20;
- A edição de 2017 saldou-se por um prejuízo € 188 054,50;
- A previsão para 2018 é de um prejuízo de € 160 000,00;
- O valor dos espaços dos alugueres de stands para expositores de fruta passa de € 200,00 para € 275,00, o que corresponde a um aumento de € 75,00;
- O valor dos espaços para expositores passa de € 15,00/m2 para € 20,00/m2, exceto quanto aos “hot spot comida e bebida”, que passa de € 20,00 para 30/m2;
- O valor do “passe geral” (bilhete semanal) sofre um aumento de € 2,00 ou € 3,00 cfr., respetivamente, seja adquirido até julho ou durante o mês de agosto;
Na edição de 2017, no total de 200 expositores apenas 31 foram relacionados com fruta.
Dados estes que confirmam algumas das considerações que temos vindo a fazer acerca da Feira dos Frutos:
a) É necessário equilibrar mais as contas do evento, que apresentam déficits excessivos, consistentes e em crescendo, tomando por referência as edições de 2016 e 2017 (que já têm contas encerradas);
b) Essa evidência resulta, grandemente, de um elevado investimento da Câmara na vertente lúdica da Feira, em especial nos concertos, em detrimento da profissional, importando equilibrar mais estas duas vertentes;
c) O número de expositores de fruta é manifestamente reduzido no espectro geral de expositores, não obstante a fruta e, em geral, a atividade hortofrutícola ser o mote e a razão de ser da Feira;
d) Não é aumentando o valor do aluguer dos stands com fruta e dos espaços para os expositores desta que se incentiva uma maior participação no certame de expositores de fruta; esse aumento é descabido e configura um erro estratégico da Câmara na organização da Feira.